domingo, 20 de setembro de 2009

O bem o e mal, de Dostoievski a Nietzsche

Cabe-se de pronto ressaltar, para melhor compreender possíveis semelhanças nas linhas de raciocínio, que Dostoievski, russo, foi uma das maiores influências literárias de Nietzsche.
Dostoievski criou o personagem chamado niilista radical, que é inspirado no homem- idéia. Pode- se entender o referido personagem como um ser ideológico, que, em função de uma causa totalmente desvinculado de convicções religiosas, vive, mata e morre. Ele busca trabalhar o problema do bem o do mal numa perspectiva metafísica.
Na obra crime e castigo, o personagem, que mirava ser um super- homem, após ter cometido um crime, tem sua consciência cristã incomodada constantemente, até que confessa o mesmo, sendo esta uma reação diferente da que ele próprio imaginara para si, ele não conseguiu ter paz. O que o incomodara, era uma espécie de castigo interior, uma dúvida moral gigantesca. Todavia, a idéia da obra é que o homem extraordinário deveria ser um sujeito sem remorsos e que teria a capacidade de fazer de tudo para atingir seus objetivos.
Foi justamente a idéia deste homem extraordinário, que influenciou Nietzsche a pensar o homem moderno. No passo em que Dostoievski vê preocupado e angustiado o “homem extraordinário”, Nietzsche descobre nele o homem forte, que cria seus próprios valores e instaura seu destino, não sendo então submisso às normas.
Depreende-se das obras de Dostoievski que em sua visão, o mundo humano é assinalado pelo mal, sendo este o produto da vontade e liberdade do homem. Ressalta- se ainda que muitas vezes o homem tem prazer na pratica do mal. Portanto o homem somente consegue chegar ao bem, na medida em que leva até o fim o processo autodestrutivo do mal.
Na idéia genealógica de Nietzsche sobre a moral chega-se à conclusão de que as práticas de altruísmo destroem o amor de si, demonstrando os instintos e produzindo gerações de fracos.
Fato é que tais autores trabalham o problema do mal, e a busca de explicações de porque, e até mesmo de definições sobre bem e mal. Todavia na história da humanidade, o homem por diversas vezes mostrou- se como a criatura mais perversa sobre a face da terra, em exemplos gritantes como no lançamento das bombas atômicas, em Auschwitz, como também algumas vezes mostrou- se e mostra- se como a criatura mais dócil do universo, realizando imensas demonstrações da mais pura solidariedade, como na união por socorro a pessoas que sofrem perdas inestimáveis decorrentes de enchentes, catástrofes naturais, quando doa um órgão, ou até mesmo sangue para um necessitado.
Enfim, talvez seja mesmo esta dicotomia a que o homem esteja fadado a viver. Uma relação dual em tudo que existe é quase sempre notável, então talvez o homem precise mesmo de viver no constante equilíbrio do bem e do mal, para tentar eternamente terminar a construção da obra perfeita.

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Um terrorista sequestra 20 pessoas em um shopping e as esconde dentro de uma sala. Nesta sala os reféns encontram-se amarrados à explosivos de grande capacidade destrutiva. Os agentes policiais recebendo o chamado prontamente se dirigem ao shopping. Ao chegar ao local estabelecem contato com o terrorista, que demanda várias exigências a serem cumpridas para a liberação dos reféns vivos, entretanto em nenhum momento conseguem ver quem está ao telefone. O comandante da operação dada a situação de grande perigo decide ordenar a invasão e acaba por prender um rapaz com as mesmas características que foram apresentadas na ligação anônima denunciando o delito, entretanto não encontram os reféns. Posteriormente a captura, começam então os policiais a perguntar ao rapaz aonde estavam os reféns. Nenhuma resposta é encontrada, uma vez que o rapaz recusava a dar as informações, sob a alegação de que não era o terrorista e portanto não sabia a localização do cativeiro. O comandante diante das alegações do jovem tenta estabelecer contato com o telefone, o qual antes o terrorista vinha utilizando, mas a ligação não é atendida. Tendo em vista o prazo estabelecido pelo terrorista, a situação começa a se agravar diante da iminente explosão caso não sejam encontrados os reféns. O Comandante nesse momento se depara com um dilema moral, filosófico e legal:

Deve torturar o rapaz em busca das informações abandonando assim o respeito à dignidade humana, sobrepondo o comunitarismo em face do liberalismo, ou até mesmo praticando um ato ilegal, que resultará na salvação de muitas outras vidas? O que você faria?

Em que momento um ser humano realizou o ato mais cruel?

Qual é o pior dos sete pecados capitais?

Qual sua opinião a respeito da legalização do uso de drogas?