terça-feira, 15 de setembro de 2009

Vivemos em uma Democracia?

Este blog se destina a tratar sobre o problema do mal na humanidade. Dada a imensidão do tema, escolhi abordar neste texto a democracia no Brasil, tendo por base os ensinamentos de Marilena Chauí em seu Livro “Convite à Filosofia”. Esta professora e filósofa contemporânea se dedicou à analise da realidade brasileira e concluiu que “a democracia ainda está por ser inventada” neste país.
Inicialmente, deve-se informar que o conceito de democracia para a maioria da população está atrelado ao poder de voto, à existência de partidos políticos e à divisão de poderes. Em contraponto, o autoritarismo é caracterizado pela tomada do poder por militares, pela censura e limitação da liberdade de expressão e pela inexistência, repressão ou restrição da atuação de partidos políticos
Todavia, devemos analisar se democracia está realmente restrita a este conceito apresentado.
A supramencionada filósofa demonstra que esta visão de estarmos vivendo em uma democracia é obtusa. Ela aduz que a sociedade brasileira vive o autoritarismo social, posto que esta sociedade é dividida hierarquicamente, separando-se as pessoas superiores e as inferiores, sendo as primeiras as detentoras de poder. Assim, não há que se falar na prática da igualdade como direito, uma vez que vigora a discriminação religiosa, o machismo, o racismo e a desigualdade econômica.
Com efeito, a camada dominante é movida por interesses e estes, porque não se transformam em direitos, tornam-se privilégios de alguns. Todavia, como ensina a eminente filósofa, “a democracia é criação e garantia de direitos e nossa sociedade, polarizada entre a carência e o privilégio, não consegue ser democrática, pois não encontra meios para isso. Na esfera política, os representantes, em lugar de cumprir o mandato que lhes foi dado pelos representados, surgem como chefes, mandantes, detentores de favores e poderes, submetendo os representados, transformando-os em clientes que recebem favores dos mandantes”. Daí, pode-se deduzir que ainda vigora nas relações sociais brasileiras, em certa medida, práticas coronelistas, famosas por terem significativa presença na política desde longas datas.
Ora, isso é democracia? O que vivemos não seria um mal? Mal de acreditarmos viver em um país democrático o quanto na verdade vivemos em um país autoritário. E pior, autoritarismo este disfarçado pela mídia e camuflado aos olhos de grande parte da cega camada social subjugada.
Como sustenta Marilena Chauí “As leis, porque exprimem ou os privilégios dos poderosos ou a vontade pessoal dos governantes, não são vistas como expressão de direitos nem de vontades e decisões públicas coletivas. O poder judiciário aparece como misterioso, envolto num saber incompreensível, e, por outro lado, ineficiente (a impunidade não reina, vive solta) e que a única relação possível com ela seja a da transgressão (o famoso “jeitinho”).”
Desta forma, tem-se que a própria condição social de grande parte da população contribui para que esta seja cada vez mais subjugada aos mandos e desmandos da classe dominante, a qual não raramente preocupa-se apenas com o aumento exponencial de seu poder e de privilégios. É de se ressaltar que, como classe dominante, além do poderio econômico, possui também o domínio dos meios de comunicação e de difusão de informações, os quais muito contribuem para a difusão de ideologias que, de forma velada, auxiliam cada vez mais a manutenção do status quo.
Daí, tem-se a pretensa sensação de ser o Brasil um país verdadeiramente democrático, fazendo-se, pois, uma restrição da abrangência de tal conceito- Democracia- para que a situação existente se enquadre ao que é difundido e objetivado pelas ideologias dominantes.

Um comentário:

  1. Olá Camila! Apreciei muito teu espaço e gostaria de seguir mas no espaço não oferece a opção?!
    []s e Parabéns!

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Um terrorista sequestra 20 pessoas em um shopping e as esconde dentro de uma sala. Nesta sala os reféns encontram-se amarrados à explosivos de grande capacidade destrutiva. Os agentes policiais recebendo o chamado prontamente se dirigem ao shopping. Ao chegar ao local estabelecem contato com o terrorista, que demanda várias exigências a serem cumpridas para a liberação dos reféns vivos, entretanto em nenhum momento conseguem ver quem está ao telefone. O comandante da operação dada a situação de grande perigo decide ordenar a invasão e acaba por prender um rapaz com as mesmas características que foram apresentadas na ligação anônima denunciando o delito, entretanto não encontram os reféns. Posteriormente a captura, começam então os policiais a perguntar ao rapaz aonde estavam os reféns. Nenhuma resposta é encontrada, uma vez que o rapaz recusava a dar as informações, sob a alegação de que não era o terrorista e portanto não sabia a localização do cativeiro. O comandante diante das alegações do jovem tenta estabelecer contato com o telefone, o qual antes o terrorista vinha utilizando, mas a ligação não é atendida. Tendo em vista o prazo estabelecido pelo terrorista, a situação começa a se agravar diante da iminente explosão caso não sejam encontrados os reféns. O Comandante nesse momento se depara com um dilema moral, filosófico e legal:

Deve torturar o rapaz em busca das informações abandonando assim o respeito à dignidade humana, sobrepondo o comunitarismo em face do liberalismo, ou até mesmo praticando um ato ilegal, que resultará na salvação de muitas outras vidas? O que você faria?

Em que momento um ser humano realizou o ato mais cruel?

Qual é o pior dos sete pecados capitais?

Qual sua opinião a respeito da legalização do uso de drogas?