terça-feira, 3 de novembro de 2009

Drogas, o mal do século XXI? Legalizar ou não?




Há muito tempo, diversos tipos de plantas eram utilizadas para satisfazer determinadas necessidades do homem, verificavam efeitos distintos, podendo ser depressoras, estimulantes ou alucinógenas. Poderia, por exemplo, utilizar plantas depressoras ou alucinógenas com o objetivo de suavizar dores; plantas com efeitos estimulantes poderiam ser utilizadas para potencializar a resistência física, o que seria muito útil numa caça, ou ainda, para atravessar regiões muito distantes a procura de água.
Mas, se naquela época fazia-se o uso de drogas apenas em alguma situações, o mesmo não se dá quando falamos da sociedade moderna.
Ao se referir à dependência química, costuma-se falar sobre o "mal das drogas" ou os "problemas das drogas". Não se pode atribuir às drogas tais qualificações, já que as mesma apenas podem existir frente à natureza humana. Os problema estão no homem. Assim sendo, o uso das drogas é uma consequência de uma série de fatores sociais, familiares e pessoais não resolvidos.
" A droga produz uma sensação de prazer e bem-estar. O que se espera é que essa sensação seja imediata, desfazendo quaisquer desconfortos físicos e psíquicos que o usuário pensa existir. Usar drogas como revoltas a satisfações políticas ou familiares é um consenso geral entre os usuários. Nessa ânsia por liberdade e mudança, entretanto, existe um paradoxo, pois, ao se protestar e rebelar contra isso, pode-se ficar dependente e submisso às drogas. Troca-se a submissão à família e à sociedade pela submissão à droga." (Breno de Magalhães Bastos - USO E ABUSO DE DROGAS PELO JOVEM: UM BEM OU UM MAL?)
A droga torna-se atrativa à medida que dá prazer e alivia a dor. Assim ela passa a ocupar um espaço dentro das pessoas, culminando em uma dependência. Com isso,diminui ainda mais a capacidade do homem de tolerar problemas e frustrações.
"BUCHER (1989, pág. 64) afirma existirem outros fatores contribuintes para a experimentação, como:
'para ser melhor aceito em determinados grupos, pelo desejo de viver experiências diferentes, sair da rotina, etc. (...) O importante em tudo isso é nos atermos ao fato de a maioria das pessoas que experimentam drogas usarem-na uma ou poucas vezes e pararem. É como se, não havendo mais curiosidade nem sedução do novo e do segredo, não existisse mais necessidade de recorrer a ela.' " (Breno de Magalhães Bastos - USO E ABUSO DE DROGAS PELO JOVEM: UM BEM OU UM MAL?)
"A atração pelo desconhecido é tão forte no homem que, pelo desejo de experimentar o novo, o homem foi até expulso do paraíso, conforme relata Gênesis."
A curiosidade pela droga acontece a partir do momento em que as pessoas se deparam cotidianamente com o assunto. Normalmente a sociedade tem muito preconceito ao tratar desse tema, frisam a proibição e os males que as drogas podem causar, não havendo, geralmente, maiores esclarecimentos sobre o assunto, apenas uma forma de amedrontar a população. Os meios de comunicação falam a todo instante da ação do tráfico e da ação policial. Os usuários, por outro lado, contam suas experiências, boas ou ruins. É natural que as pessoas, principalmente os jovens, diante de tantos dados, sintam curiosidade em experimentar e obter sua própria opinião sobre os efeitos das drogas.
"... Podes considerar feliz quem, graças à razão, não alimenta desejos nem temores..."( Sêneca, 1991, pág.30)
"A filosofia ocidental, embora fundamentalmente ascética, nos repetiu uma liçaõ de caráter antropológico: o homem deseja. E mais, esse desejo é insaciável. O desejo - de sexo, de bebida, de comida, de dinheiro, de prazer - é tal que se submeter a ele é mergulhar no abismo, entregar-se a um tirano sem meias medidas. Em busca de uma sensação de plenitude, procuramos poupar, armazenar, ingerir. E, entretanto, permanecemos vazios. Nunca satisfeitos, porque, por mais que incorporemos, jamais julgamos suficiente o que incorporamos. O vazio é um estado estável, desenvolvido por um movimento de encher-sem-nunca-enche, que apenas a plenitude é capaz de curar. Muito apropriadamente, numa linguagem tecida de imagens, Platão representa a parte desejante de nossa alma como um vaso furado, razão pela qual nunca nos saciamos." (Breno de Magalhães Bastos)
Como podemos ver, a dependência química não é um problema novo. Porém , hoje ela é considerada por especialistas no assunto como o mal do século XXI.
Um tema muito discutido hoje , diante do crescente uso de substâncias psicotrópicas, é a legalização do uso de drogas. Em alguns países esse assunto já é fato. Há a descriminalização do uso e de certa forma de venda, como para uso medicinal ou em lugares restritos.
Há uma grande divergência quando se trata desse assunto, existem pessoas que são a favor da total e rigorosa proibição do uso de entorpecentes, outras que defendem a liberação do uso de toda e qualquer droga, outras defendem o uso apenas para fins medicinais e algumas concordam com a liberação de algumas drogas apenas, como a maconha, por exemplo, considerada de efeitos mais brandos.
Existem atualmente quatro sistemas de controle sobre o uso de drogas: o sistema norte-americano (proibicionismo), adotado pela ONU, que proíbe o uso a qualquer custo; o sistema radical liberal, pouco comum, que se orienta pelo livre arbítrio; o sistema europeu (redução de riscos), que trata o uso de drogas como uma questão de saúde pública, que o Estado deve regulamentar; e o sistema de Justiça Restaurativa, em que o estado deve permitir o uso de todas as drogas, fiscalizando e organizando para que as pessoas sejam orientadas e atendidas caso haja alguma consequência.
No Brasil, a nova Lei de Tóxicos (Lei nº11.343/2006), trata de forma mais tolerante os usuários de tais substâncias. Houve uma atenuação das penas no que se refere às pessoas que apenas fazem o uso pessoal de drogas, que, em nenhuma hipótese, podem sofrer penas restritivas de liberdade. As penas destinadas aos usuários e dependentes químicos objetivam educá-los, há uma tentativa de reinseri-los na sociedade, não de puni-los propriamente. Já para os traficantes as penas foram majoradas.
Apesar da atenuação das penas para os usuários, a questão da descriminalização ainda causa polêmicas, muito se discute se deve ou não ser legalizado o uso das drogas. Tal discussão envolve muitos fatores, como a saúde e a segurança públicas. Não sabemos se nosso país está preparado para dar um salto como esse, ou se isso é realmente necessário ou correto. O tema esbarra em questões muito delicadas como religião, problemas familiares e valores morais, motivo pelo qual ainda não temos uma posição firmada em relação a isso.
Ainda temos muito que amadurecer a respeito de uma questão que gera tantas controvérsias e polêmicas, precisamos de tempo para firmarmos um posicionamento sobre o assunto, pois não estamos preparados e não sabemos ao certo que consequências a liberação do uso de drogas pode nos proporcionar.

E você? Qual a sua opinião sobre o tema da legalização das drogas? Responda nossa enquete e saiba o que as pessoas acham do assunto.

Deixo o link de uma entrevista com o filósofo Javier Esteban, que defende o direito das pessoas de consumirem qualquer substância.

http://cogumelosmagicos.org/forum/shoethread.php?t=3799





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Um terrorista sequestra 20 pessoas em um shopping e as esconde dentro de uma sala. Nesta sala os reféns encontram-se amarrados à explosivos de grande capacidade destrutiva. Os agentes policiais recebendo o chamado prontamente se dirigem ao shopping. Ao chegar ao local estabelecem contato com o terrorista, que demanda várias exigências a serem cumpridas para a liberação dos reféns vivos, entretanto em nenhum momento conseguem ver quem está ao telefone. O comandante da operação dada a situação de grande perigo decide ordenar a invasão e acaba por prender um rapaz com as mesmas características que foram apresentadas na ligação anônima denunciando o delito, entretanto não encontram os reféns. Posteriormente a captura, começam então os policiais a perguntar ao rapaz aonde estavam os reféns. Nenhuma resposta é encontrada, uma vez que o rapaz recusava a dar as informações, sob a alegação de que não era o terrorista e portanto não sabia a localização do cativeiro. O comandante diante das alegações do jovem tenta estabelecer contato com o telefone, o qual antes o terrorista vinha utilizando, mas a ligação não é atendida. Tendo em vista o prazo estabelecido pelo terrorista, a situação começa a se agravar diante da iminente explosão caso não sejam encontrados os reféns. O Comandante nesse momento se depara com um dilema moral, filosófico e legal:

Deve torturar o rapaz em busca das informações abandonando assim o respeito à dignidade humana, sobrepondo o comunitarismo em face do liberalismo, ou até mesmo praticando um ato ilegal, que resultará na salvação de muitas outras vidas? O que você faria?

Em que momento um ser humano realizou o ato mais cruel?

Qual é o pior dos sete pecados capitais?

Qual sua opinião a respeito da legalização do uso de drogas?