sexta-feira, 20 de novembro de 2009

A Intolerância e o mal


Kant, em sua filosofia, diz que o homem vive em dois mundos: o humano, que é regido pela razão e o da natureza, que é regido pelas inclinações (extinto). Kant diz também que o homem sempre será regido por leis independentemente do mundo em que ele se encontra, a diferença é que ele será regido ou pelas leis da natureza ou pelas leis dos homens. Para ele, essas leis têm que ser universais, e isso só é possível quando o indivíduo submete as suas máximas (princípios subjetivos do homem, de como o mesmo deve agir) ao julgamento de sua própria razão para ver se aquelas são válidas para todos, todo o tempo, em todos os lugares,ou seja, universais. Justamente porque o homem não vive apenas no mundo racional, é que o direito surge, uma vez que se vê necessário controlar as inclinações e máximas para que essas não ultrapassem a liberdade do outro.

E foi exatamente isso que foi visto há algumas semanas atrás, quando uma estudante foi com um vestido curto para faculdade e, após ser ofendida de todas as maneiras, teve que ser escoltada para não ser agredida, chegando ao ponto de a universidade divulgar que essa aluna seria expulsa. E, o que é isso se não as pessoas agindo pelas suas inclinações e máximas. É inegável que as pessoas tenham o direito de se sentirem incomodadas com o vestido e até mesmo com a postura da aluna em questão, mas isso não justifica o comportamento que essas pessoas tiveram, uma vez que elas ultrapassaram a liberdade do outro, e é justamente nesse momento, que o direito entra, para que essa aluna seja respeitada.

Esse caso não é o único que mostra que as pessoas agem mais no mundo natural do que no mundo da razão. Pode-se observar também que nossa sociedade, ainda que tenha evoluído muito, não conseguiu chegar ao ponto de se tornar tolerante, é só perceber que as minorias ainda sofrem bastante discriminação, devendo o direito intervir para que essas tenham a sua liberdade garantida acima de tudo.

O homem deve se conscientizar que é necessário respeitar as leis e os direitos das pessoas, não por medo de uma sanção ou qualquer outra conseqüência, o que, para Kant, caracteriza um imperativo hipotético, mas sim porque é o que se deve fazer, o que Kant denomina de imperativo categórico. Lógico que não se deve chegar ao ponto de se respeitar uma lei que é injusta, deve-se fazer, mas com pensamento crítico. No dia em que se chegar nesse momento, finalmente viveremos em uma sociedade justa, tolerante e um pouco mais ética.

Um comentário:

  1. Achei engraçado depois uma entrevista em que um dos alunos q xingaram a menina disse o seguinte:
    reporter: mas voce ofendeu a moça so pq ela veio de vestido curto?
    aluno: xinguei ela mesmo, achei uma falta de respeito!
    reporter: mas ofender uma pessoa pelo jeito que ela veste nao é mais falta de respeito ainda?
    aluno: errr..
    Ou seja, com os outros pode... lamentavel esse episodio.

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Um terrorista sequestra 20 pessoas em um shopping e as esconde dentro de uma sala. Nesta sala os reféns encontram-se amarrados à explosivos de grande capacidade destrutiva. Os agentes policiais recebendo o chamado prontamente se dirigem ao shopping. Ao chegar ao local estabelecem contato com o terrorista, que demanda várias exigências a serem cumpridas para a liberação dos reféns vivos, entretanto em nenhum momento conseguem ver quem está ao telefone. O comandante da operação dada a situação de grande perigo decide ordenar a invasão e acaba por prender um rapaz com as mesmas características que foram apresentadas na ligação anônima denunciando o delito, entretanto não encontram os reféns. Posteriormente a captura, começam então os policiais a perguntar ao rapaz aonde estavam os reféns. Nenhuma resposta é encontrada, uma vez que o rapaz recusava a dar as informações, sob a alegação de que não era o terrorista e portanto não sabia a localização do cativeiro. O comandante diante das alegações do jovem tenta estabelecer contato com o telefone, o qual antes o terrorista vinha utilizando, mas a ligação não é atendida. Tendo em vista o prazo estabelecido pelo terrorista, a situação começa a se agravar diante da iminente explosão caso não sejam encontrados os reféns. O Comandante nesse momento se depara com um dilema moral, filosófico e legal:

Deve torturar o rapaz em busca das informações abandonando assim o respeito à dignidade humana, sobrepondo o comunitarismo em face do liberalismo, ou até mesmo praticando um ato ilegal, que resultará na salvação de muitas outras vidas? O que você faria?

Em que momento um ser humano realizou o ato mais cruel?

Qual é o pior dos sete pecados capitais?

Qual sua opinião a respeito da legalização do uso de drogas?