segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Relacionamentos Digitais


Falaremos hoje sobre uma das coisas mais recorrentes no mundo atual. A revolução tecnológica. Estamos vivendo num momento único da humanidade, momento que transforma os relacionamentos humanos à medida que a tecnologia avança. Os relacionamentos pessoais por exemplo foram totalmente afetados pela era digital, devido à facilidade de comunicação que existe hoje, como skype, celulares, email, orkut, etc (a capa da revista Veja da semana do dia 10 de julho mostrou que o Brasil é o país que mais está em sites de relacionamentos, cerca de 80%). Todas essas ferramentas incorporaram a vida dos seres humanos, o que a torna, sem esses serviços, cada dia mais complexa. Porém, paralelamente a essa facilidade e desenvolvimento, como por exemplo reaproximar pessoas distantes e permitir maior comunicação entre elas, surgem situações muito perigosas que sutilmente vão se incorporando às nossas vidas sem serem percebidas. Entre essas situações citarei algumas a seguir:

1. Impessoalidade

A perda da pessoalidade é cada dia mais latente. Não telefonamos mais para desejar felicitações, mandamos um scrap. Não telefonamos mais para contar fatos da vida, mandamos via SMS ou email. Esses são apenas alguns exemplos cotidianos que exemplificam a perda da pessoalidade.Com isso as relações entre as pessoas são cada vez mais superficiais, e isso ocorre até mesmo dentro de casa. Cada um no seu canto, com seu computador, sua televisão, etc. As relações humanas tem se desgastado, e as conseqüências são grandes. Não criamos mais laços afetivos profundos, capazes de gerar confiança, cumplicidade, amor de fato. Com isso, vemos a todo o momento famílias se desestruturando, pessoas em depressão, sozinhas, suicidando, filhos matando os pais e vice-versa, etc. Não creio que esse seja o único fator que acarreta todos esses problemas, mas creio que é um deles. Esses fatores todos têm certa ligação com o Direito. Agora já temos até falado sobre “Direito Cibernético”, crimes cibernéticos, cometidos através dos meios de comunicação cada vez mais avançados. Vemos cada dia mais ações de divórcio, separação, maus-tratos, crimes passionais, crimes cometido via email, Orkut, etc. Com o avanço ininterrupto da tecnologia, as inovações e criações no Direito tendem a crescer cada vez mais, com novas leis, novas tipificações criminais, etc. Aonde iremos parar? Não seria hora de investirmos mais em nossos relacionamentos?

Obs: a título de informação, deixo uma matéria interessante sobre o tema, que diz respeito a um menino que foi condenado a pagar uma indenização por chamar um colega de “imbecil” por email. Link: http://www.uai.com.br/UAI/html/sessao_2/2009/07/23/em_noticia_interna,id_sessao=2&id_noticia=119886/em_noticia_interna.shtml

2. Displicência

Outro problema causado pelos nossos relacionamentos digitais á a chamada displicência. Irei explicar.O relacionamento digital, nos dá a liberdade de nos relacionar de forma assíncrona, ou seja, não precisamos responder a uma mensagem, a um email imediatamente pois o remetente não sabe quando teremos acesso à mesma. Isso, por um lado, é bom, pois nos dá a liberdade de planejarmos quando iremos responder a um estímulo, permitindo uma resposta mais coerente, pensada. Mas, por outro lado, é ruim, pois por trás de cada mensagem pessoal há uma expectativa, e se ocorre à demora para efetuar-se a resposta, haverá frustração. E frustração é uma das piores sensações para a manutenção de um relacionamento saudável. Além disso, parece-me uma intensa falta de interesse na maioria das vezes em que se demora a responder uma mensagem, a não ser por motivos de tempo, ou no caso do celular falta de crédito mesmo. Essa demora excessiva, essa morosidade me remete a um sistema muito conhecido de nós brasileiros, o sistema Judiciário. No Brasil um processo em geral não dura menos do que dois ou três anos no mínimo para ser julgado. Isso sem falar na quantidade de recursos cabíveis para as ações em curso. Não te parece uma tremenda falta de interesse por nós cidadãos? Mas vejo que um grande motivo para essa morosidade, é a própria falta de preparo técnico dos juízes, advogados, promotores, etc. Estes, homens teoricamente estudados, muitas vezes estão ali apenas pelo dinheiro, e se acomodam em seus altos cargos dificultando ainda mais a celeridade nos processos. Esse fator me remete a um grande filósofo chamado Friedrich Hegel, que disse a sábia frase: “Não se chegou a nada grande no mundo sem paixão”. Portanto, os juízes e promotores muitas vezes, estão ali simplesmente pelo dinheiro e não pela paixão pelo Direito, pois se assim o fosse, com certeza seriam muito mais interessados em aprender a cada dia e se preparar melhor tecnicamente para exercerem seus serviços com excelência.

3. Falhas de comunicação

O terceiro e último perigo oriundo dos relacionamentos digitais, são as falhas de comunicação. Se em conversas pessoais já existe esse problema, imagine nas impessoais. Textos não mostram expressões faciais e se sujeitam a interpretações. Nos relacionamentos digitais, esses fatores se agravam ainda mais, uma vez que estamos sempre na correria (não tomamos cuidado no modo como escrevemos) e também não estaremos junto com a pessoa quando ela ler o texto (para solucionar qualquer desentendimento). Não vale a pensa resolver pendências pela internet. Houve qualquer problema/falha de comunicação? Ligue ou converse pessoalmente (o que mais recomendo). Não tente retificar nada pela internet, a tendência é só piorar a situação.

Enfim, apesar dos grandes avanços que a tecnologia foi capaz de nos trazer, precisamos tomar muito cuidado para não perdermos algo que é muito importante: os relacionamentos. Entenda que são válidas as conversas pela internet sim, porém, elas são muitas vezes superficiais e não suficientes. Se esse tipo de conversa te basta, seus relacionamentos tendem a fundar cada vez mais. Esses meios de comunicação ajudam a reaproximar pessoas à distância, etc., porém a questão tratada aqui é mais delicada do que esses benefícios oriundos da tecnologia da comunicação. As pessoas valem muito mais do que artifícios tecnológicos e devem ser tratadas com maior respeito, dedicação, transparência, etc. Por um lado faz muito bem, mas por outro pode ser um grande mal para a humanidade, a tecnologia avançada, a era digital da comunicação.

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Um terrorista sequestra 20 pessoas em um shopping e as esconde dentro de uma sala. Nesta sala os reféns encontram-se amarrados à explosivos de grande capacidade destrutiva. Os agentes policiais recebendo o chamado prontamente se dirigem ao shopping. Ao chegar ao local estabelecem contato com o terrorista, que demanda várias exigências a serem cumpridas para a liberação dos reféns vivos, entretanto em nenhum momento conseguem ver quem está ao telefone. O comandante da operação dada a situação de grande perigo decide ordenar a invasão e acaba por prender um rapaz com as mesmas características que foram apresentadas na ligação anônima denunciando o delito, entretanto não encontram os reféns. Posteriormente a captura, começam então os policiais a perguntar ao rapaz aonde estavam os reféns. Nenhuma resposta é encontrada, uma vez que o rapaz recusava a dar as informações, sob a alegação de que não era o terrorista e portanto não sabia a localização do cativeiro. O comandante diante das alegações do jovem tenta estabelecer contato com o telefone, o qual antes o terrorista vinha utilizando, mas a ligação não é atendida. Tendo em vista o prazo estabelecido pelo terrorista, a situação começa a se agravar diante da iminente explosão caso não sejam encontrados os reféns. O Comandante nesse momento se depara com um dilema moral, filosófico e legal:

Deve torturar o rapaz em busca das informações abandonando assim o respeito à dignidade humana, sobrepondo o comunitarismo em face do liberalismo, ou até mesmo praticando um ato ilegal, que resultará na salvação de muitas outras vidas? O que você faria?

Em que momento um ser humano realizou o ato mais cruel?

Qual é o pior dos sete pecados capitais?

Qual sua opinião a respeito da legalização do uso de drogas?