domingo, 4 de outubro de 2009

A Igreja Católica e a sistematização dos pecados

A idéia de que existem atitudes positivas e negativas não surge com a classificação dos pecados capitais pela Igreja Católica, mas na cultura grega, destacando-se a filosofia aristotélica. Aristóteles teoriza sobre as virtudes morais, que são meio termo entre dois extremos: vício pelo excesso e vício pela falta. As virtudes aristotélicas não nascem com o homem, mas são adquiridas por meio do hábito e fazem com que ele desenvolva uma segunda natureza.

No século VI, o Papa Gregório Magno reuniu sete atitudes consideradas as mais reprováveis pela Igreja Católica, atitudes estas que significam a morte da alma e só podem ser perdoadas por Deus. São Tomás de Aquino, em seu livro Suma Teológica, sistematiza os Pecados Capitais e os classifica em ordem decrescente no que diz respeito à ofensa ao amor, sendo eles: Vaidade, Inveja, Ira, Avareza, Preguiça, Gula e Luxúria.

Vaidade: Mesmo que arrogância, caracterizada pela falta de humildade, pelo sentimento de auto-suficiência afirmando seu ego em oposição a Deus. A vaidade se contrapõe à virtude da humildade.

Inveja: Desejo exagerado por posses, status, habilidades e tudo que outra pessoa tem e consegue. O invejoso ignora tudo o que é e possui para cobiçar o que é do próximo. A virtude contraposta é a caridade.

Ira: Intenso e descontrolado sentimento de raiva, ódio, rancor que pode ou não gerar sentimento de vingança. É um sentimento mental e emotivo que conflita o agente causador da ira e o irado. A paciência é a virtude oposta a ira.

Avareza: Apego excessivo e descontrolado pelos bens materiais e pelo dinheiro, priorizando-os e deixando Deus em segundo plano. A virtude é a generosidade.

Preguiça: Aversão ao trabalho, à falta de capricho, o desleixo, a lentidão e a recusa em se esforçar. A diligência se contrapõe à preguiça.

Gula: Busca constante e incontrolável por prazer no beber e comer. A virtude oposta é a temperança.

Luxúria: Apego e desejo descontrolado por prazeres carnais, também conhecida como lascívia. É a entrega descontrolada ao sexo em busca de prazer. A virtude contraposta é a castidade.

Embora classificados e enumerados pela visão moral e religiosa da Idade Média, os pecados ainda estão muito presentes na atualidade, provando que esse mal não foi restrito àquela época. O Vaticano, em pleno século XXI, ratificou os sete pecados e ainda acrescentou outros a lista, atualizando-a à realidade do mundo globalizado. São também considerados pecados capitais: manipulação genética, uso de drogas, desigualdade social, poluição ambiental, entre outros.

A sociedade contemporânea não está mais tão influenciada pelos dogmas da Igreja Católica, entretanto, os pecados ainda estão presentes na realidade do homem, influenciando cada uma de suas atitudes, geralmente de maneira negativa e produzindo o mal.

Nos próximos sete dias o blog irá tratar dessa influência negativa dos pecados, abordando temas comuns do nosso cotidiano.

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Um terrorista sequestra 20 pessoas em um shopping e as esconde dentro de uma sala. Nesta sala os reféns encontram-se amarrados à explosivos de grande capacidade destrutiva. Os agentes policiais recebendo o chamado prontamente se dirigem ao shopping. Ao chegar ao local estabelecem contato com o terrorista, que demanda várias exigências a serem cumpridas para a liberação dos reféns vivos, entretanto em nenhum momento conseguem ver quem está ao telefone. O comandante da operação dada a situação de grande perigo decide ordenar a invasão e acaba por prender um rapaz com as mesmas características que foram apresentadas na ligação anônima denunciando o delito, entretanto não encontram os reféns. Posteriormente a captura, começam então os policiais a perguntar ao rapaz aonde estavam os reféns. Nenhuma resposta é encontrada, uma vez que o rapaz recusava a dar as informações, sob a alegação de que não era o terrorista e portanto não sabia a localização do cativeiro. O comandante diante das alegações do jovem tenta estabelecer contato com o telefone, o qual antes o terrorista vinha utilizando, mas a ligação não é atendida. Tendo em vista o prazo estabelecido pelo terrorista, a situação começa a se agravar diante da iminente explosão caso não sejam encontrados os reféns. O Comandante nesse momento se depara com um dilema moral, filosófico e legal:

Deve torturar o rapaz em busca das informações abandonando assim o respeito à dignidade humana, sobrepondo o comunitarismo em face do liberalismo, ou até mesmo praticando um ato ilegal, que resultará na salvação de muitas outras vidas? O que você faria?

Em que momento um ser humano realizou o ato mais cruel?

Qual é o pior dos sete pecados capitais?

Qual sua opinião a respeito da legalização do uso de drogas?