sábado, 24 de outubro de 2009

A Propaganda como estímulo do Mal


A propaganda, seja ela comercial ou ideológica, está sempre ligada aos objetivos econômicos e aos interesses da classe dominante. Porém na sua divulgação a idéia transmitida é exatamente oposta, a imagem é de que quem sai sempre no lucro por adquirir o produto é o consumidor.

A propaganda não trabalha com o racional dos indivíduos, mas sim em fatores sentimentais, sejam eles a imagem que cada um tem de si ou a imagem que cada um quer manter para os outros.

A ideologia é sempre a mesma, se adquirir esse produto você vai ter sucesso, ser feliz e completamente realizado. O que a publicidade vende, é muito mais do que o produto, é a promessa de satisfação de uma necessidade ou aspiração que vai além das possibilidades do produto. Dessa forma a propaganda acaba moldando o comportamento por meio da veiculação de valores que estão centrados no ter e não no ser.

Essa é uma questão que está diretamente ligada ao mal e suas raízes. Diante de uma sociedade tão desigual como a brasileira, é muito complexo pautar a ascensão social diante da figura do ter. As propagandas sempre demonstram pessoas que são aceitas e admiradas no meio em que vivem por possuir determinado bem. Ora, então qualquer um pode ter aquela vida, só é preciso possuir tal bem. E é aí que o desvio de conduta estritamente ligado ao desejo se forma.

Num país em que a grande parte dos cidadãos vive em condições de miséria, com pouca escolaridade e sem perspectiva de crescimento, o crime se torna um meio para se encaixar nos padrões sociais almejados. Há uma banalização de valores como a vida, a liberdade e a paz social em prol de uma possível participação em um meio mais avantajado financeiramente.

Segundo dados da FEBEM (Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor), nas vésperas do dia das mães, dos namorados, dos pais e do Natal, época em que a propaganda é mais intensa, acontece o maior numero de furtos praticados por menores. Na impossibilidade de comprar, eles respondem aos estímulos da propaganda do único jeito possível. E com isso são presos.

Diante de tal situação, nota-se o enfraquecimento do poder pelo Estado, que não consegue controlar a criminalidade com eficiência, e o domínio da violência. Para Hannah Arendt, a violência é um mero instrumento destinado ao alcance de um fim predeterminado; enquanto tal, ela sempre depende da orientação e da justificação pelo fim que almeja, e, portanto “não pode ser essência de nada”. Em vez de ser a essência do poder, a violência é o fator por excelência capaz de se contrapor a ele e negar-lhe as próprias condições sine qua non, destruindo-o sem que possa jamais desempenhar o mesmo papel na sociedade. O aumento da violência é sempre o signo do enfraquecimento ou a perda do poder e vive-versa.

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Um terrorista sequestra 20 pessoas em um shopping e as esconde dentro de uma sala. Nesta sala os reféns encontram-se amarrados à explosivos de grande capacidade destrutiva. Os agentes policiais recebendo o chamado prontamente se dirigem ao shopping. Ao chegar ao local estabelecem contato com o terrorista, que demanda várias exigências a serem cumpridas para a liberação dos reféns vivos, entretanto em nenhum momento conseguem ver quem está ao telefone. O comandante da operação dada a situação de grande perigo decide ordenar a invasão e acaba por prender um rapaz com as mesmas características que foram apresentadas na ligação anônima denunciando o delito, entretanto não encontram os reféns. Posteriormente a captura, começam então os policiais a perguntar ao rapaz aonde estavam os reféns. Nenhuma resposta é encontrada, uma vez que o rapaz recusava a dar as informações, sob a alegação de que não era o terrorista e portanto não sabia a localização do cativeiro. O comandante diante das alegações do jovem tenta estabelecer contato com o telefone, o qual antes o terrorista vinha utilizando, mas a ligação não é atendida. Tendo em vista o prazo estabelecido pelo terrorista, a situação começa a se agravar diante da iminente explosão caso não sejam encontrados os reféns. O Comandante nesse momento se depara com um dilema moral, filosófico e legal:

Deve torturar o rapaz em busca das informações abandonando assim o respeito à dignidade humana, sobrepondo o comunitarismo em face do liberalismo, ou até mesmo praticando um ato ilegal, que resultará na salvação de muitas outras vidas? O que você faria?

Em que momento um ser humano realizou o ato mais cruel?

Qual é o pior dos sete pecados capitais?

Qual sua opinião a respeito da legalização do uso de drogas?