segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O mal após a Segunda Guerra Mundial

No dia 15 de setembro, na Casa Fiat de Cultura, prosseguiu o Ciclo "Mutações: a experiência do pensamento", com Jean-Pierre Dupuy, Professor Filosofia na Escola Politécnica de Paris e na Universidade de Stanford, falando sobre "Pensar o mal hoje: de Auschwitz a Hiroshima até o fim do mundo".

O mal está tradicionalmente relacionado com a intenção de quem o comete. Os horrores do século 20 deveriam ter-nos ensinado que isso é uma ilusão. O absurdo é que um mal imenso possa ser causado por uma completa ausência de malignidade; que uma responsabilidade monstruosa possa caminhar junto com uma total ausência de más intenções. Nós tivemos a trágica experiência disso, mas ainda nos falta pensá-lo. "Pensar o mal hoje: de Auschwitz a Hiroshima até o fim do mundo" tratou sobre isso.

Na concepção judaico cristã, se não houver a intenção de se fazer o mal, este não se configura, mas os horrores do século XX nos fazem refletir sobre essa questão e percebermos que também existe mal na ausência de intenção.

Existe a expressão thoughtlessness, que, segundo Jean-Pierre, não existe tradução para a língua portuguesa, mas se aproxima do significado de dupla incapacidade ou visão limitada. Em Auschwitz, por exemplo, havia pessoas que ao praticarem suas funções, as executavam sem a intenção de cometer o mal, seguiam ordens dos superiores.

O mal justificado não é concebido como tal para muitos, o que leva ao sursis (suspensão da pena). Uma demonstração é o caso de Hiroshima e Nagasaki em que os Estados Unidos da América, por terem vencido, não foram condenados por crime de guerra. Fica o questionamento do que ocorreria caso perdessem. Para os EUA, lançar as bombas foi um “mal necessário” porque se não o fizessem perderiam aproximadamente meio milhão de soldados. É um argumento consequencialista em que as normas morais apagam-se diante o cálculo das conseqüências.

Em 11 de setembro de 2001, Bin Laden no ataque às torres gêmeas, seguiu o princípio da reciprocidade (“quem começou foram os Norte Americanos, sem distinção de militares, mulheres ou crianças”), em vingança às bombas atômicas e a outros fatos. A partir dos os ataques em Hiroshima e Nagasaki os princípios da guerra justa foram ignorados.

Gunther Anders, filósofo, judeu, que foi casado com Hannah Arendt, afirma que o mal moral se torna grande demais para os homens que o fazem. Já para Kant, “o mal nunca é radical”, sendo extremo, e que não há nada a entender do mal.

Hoje, alguns países possuem arsenal atômico, o que pode destruir o mundo rapidamente. Inicialmente, criaram esse arsenal para intimidar países que poderiam ou podem entrar em conflito, mas se algum país tomar o ponto de partida e utilizar essas armas, poderá desencadear a extinção humana. As bombas de Hiroshima e Nagasaki são exemplos de intimidação que os Estados Unidos da América exerceram não somente sobre os Japoneses. Se houvesse alguma revidação em alguma parte do mundo, não restaria a humanidade.

Por fim, resta afirmar que em 06/08/1945, data do primeiro ataque nuclear, iniciou-se a última fase humana, a história se torna obsoleta, pois já se verificou que a humanidade se auto destrói, e o que podemos fazer é somente adiar o apocalípse.

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Um terrorista sequestra 20 pessoas em um shopping e as esconde dentro de uma sala. Nesta sala os reféns encontram-se amarrados à explosivos de grande capacidade destrutiva. Os agentes policiais recebendo o chamado prontamente se dirigem ao shopping. Ao chegar ao local estabelecem contato com o terrorista, que demanda várias exigências a serem cumpridas para a liberação dos reféns vivos, entretanto em nenhum momento conseguem ver quem está ao telefone. O comandante da operação dada a situação de grande perigo decide ordenar a invasão e acaba por prender um rapaz com as mesmas características que foram apresentadas na ligação anônima denunciando o delito, entretanto não encontram os reféns. Posteriormente a captura, começam então os policiais a perguntar ao rapaz aonde estavam os reféns. Nenhuma resposta é encontrada, uma vez que o rapaz recusava a dar as informações, sob a alegação de que não era o terrorista e portanto não sabia a localização do cativeiro. O comandante diante das alegações do jovem tenta estabelecer contato com o telefone, o qual antes o terrorista vinha utilizando, mas a ligação não é atendida. Tendo em vista o prazo estabelecido pelo terrorista, a situação começa a se agravar diante da iminente explosão caso não sejam encontrados os reféns. O Comandante nesse momento se depara com um dilema moral, filosófico e legal:

Deve torturar o rapaz em busca das informações abandonando assim o respeito à dignidade humana, sobrepondo o comunitarismo em face do liberalismo, ou até mesmo praticando um ato ilegal, que resultará na salvação de muitas outras vidas? O que você faria?

Em que momento um ser humano realizou o ato mais cruel?

Qual é o pior dos sete pecados capitais?

Qual sua opinião a respeito da legalização do uso de drogas?