domingo, 25 de outubro de 2009

O ser teleológico… o bem do mal?

“Quien vino a la tierra y no bebe vino, ¿para qué vino? (proverbio chileno). A teleologia pode ser definida como a ciência que estuda o fim no agir do homem. Se fossemos seres ultra-terrestres e assistíssemos a um programa de televisão da National Geographic sobre o homem, é muito provável que o apresentador definiria ele como “um ser que faz tudo procurando um fim, utilizando sua inteligência e vontade”. Já Aristóteles na sua cosmologia falava da teologia como causa de movimento do homem, fazendo referencia as quatro causas do movimento. Também, Santo Tomás de Aquino explica que “se o homem não tivesse um fim último, não teria nada”. Então, nos perguntamos: se é o ser humano intrinsecamente mau pelo seu jeito de agir? Podemos dizer que sim, o homem vê mais fácil fazer o mal (muitas vezes chamado como “caminho curto” ou “caminho fácil”) que o bem. Vou provar isto de um jeito muito fácil: vamos a subir a um ônibus de Belo Horizonte e contamos numa viagem de uma hora em horário pico quantos homens cedem a sua cadeira a uma mulher, idoso ou grávida. Acho que seriam poucos ou ninguém. Isto, porque é mais fácil continuar sentado confortavelmente antes que ficar parado. O homem é essencialmente egoísta. Sua visão sempre se centra nele: o EU. Desde a antiguidade o centro da vida foi a pessoa mesma, individual, o EU. E, hoje, a base do relativismo moral é o EU, faço o que é bom para mim, mesmo seja mau para outros. Ninguém para a pensar no alter ego, o “outro eu”. Então, não é raro pensar que o origem do mal poda ser o mesmo homem. Tentamos procurar uma fonte do mal fora de nos, mas pode ser que esteja dentro de nos. Mesmo fazendo um mal a outra pessoa não em beneficio próprio, senão de outro, essa pessoa ator do mal procura um bem. Por exemplo, quando eu roubo um diamante para minha esposa porque ela me pediu roubar-lo, também eu estou procurando algo bom para mim, ter a complacência da minha esposa.
Mas, o que nos faz pensar em nos? A religião fala da concupiscência, essa tendência do homem a fazer o mal produto do pecado original. Já falei da teolologia, a procura de um fim, que sempre será um beneficio para quem esta agindo, seja bem ou mal. Podemos falar de distintas potencialidades do homem, por exemplo, o espírito de supervivência, de superação, de respeito, etc. Eu quero viver, então vou matar ao meu inimigo; eu quero ser mais que os outros, então vou passar mesmo por acima deles para isso; eu quero ser respeitado, seja de qualquer jeito. Diferentes filósofos falam que o homem é um ser egoísta, que procura o seu próprio fim sem importar o resto das pessoas, por exemplo, Thomas Hobbes. No Leviatã, ele expõe que o homem no seu estado natural é egoísta.
Mas, neste panorama tão tétrico, onde joga um papel a ética, o Direito, a moral e a religião? Parece que com este post nem da vontade de sair de casa pelo perigo que se corre respeito das outras pessoas.Mas, como essas ciências nos ajudam? Todas têm em comum uma coisa: escapamos parcialmente do EU para centrarnos no NOS. A religião nos faz pensar-nos outros, fazer-nos um mal ou privar-nos de algo para um beneficio próprio e de outras pessoas. A moral e a ética não nos permite fazer determinadas coisas porque elas podem danar. Mas, neste mundo, elas não nos punem tanto como achamos. A ética e a moral podem castigar-nos na nossa consciência, então é uma pena subjetiva; a religião nos pune em outro mundo, sendo uma pena objetiva, mas ultra-terrenal. Mas, mesmo assim, muitas pessoas não escutam sua consciência e não obedecem a religião. Só nos resta o Direito. Esta ciência que o homem cultiva desde sempre. Ela nos faz pensar em outros, mas por um beneficio próprio particular: NEMINEM LAEDERE, não danes. Muitos filósofos justificam o Direito, especificamente o Direito Penal que é o direito sancionador por antonomásia, como uma retribuição ao mal cometido. Kant explicava que a pena se justifica nela mesma: poena quia pecatum est, pelo fato de cometer delito o sujeito vão ser castigado. Então, o Direito nos fala em termos simples: não faças nada que dane e outro ou eu vou te danar.
Não pretendo dizer que a religião, ética e moral estão sob o Direito, mas só quero explicar um jeito objetivo e terreno para punir as pessoas neste mundo.
Em conclusão, o homem tem um caminho para não fazer o mal de um jeito objetivo: o Direito. Para terminar, deixo uma pergunta aberta: e se o Direito e fonte de mal? Não seja o que Edmund Burke falava dos advogados e o Direito quando aconteceu a Revolução Francesa; “O século da cavalaria passou. Foi substituído pelo século dos sofistas, economistas e calculadores; e a glória da Europa extinguiu-se para sempre”.

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Um terrorista sequestra 20 pessoas em um shopping e as esconde dentro de uma sala. Nesta sala os reféns encontram-se amarrados à explosivos de grande capacidade destrutiva. Os agentes policiais recebendo o chamado prontamente se dirigem ao shopping. Ao chegar ao local estabelecem contato com o terrorista, que demanda várias exigências a serem cumpridas para a liberação dos reféns vivos, entretanto em nenhum momento conseguem ver quem está ao telefone. O comandante da operação dada a situação de grande perigo decide ordenar a invasão e acaba por prender um rapaz com as mesmas características que foram apresentadas na ligação anônima denunciando o delito, entretanto não encontram os reféns. Posteriormente a captura, começam então os policiais a perguntar ao rapaz aonde estavam os reféns. Nenhuma resposta é encontrada, uma vez que o rapaz recusava a dar as informações, sob a alegação de que não era o terrorista e portanto não sabia a localização do cativeiro. O comandante diante das alegações do jovem tenta estabelecer contato com o telefone, o qual antes o terrorista vinha utilizando, mas a ligação não é atendida. Tendo em vista o prazo estabelecido pelo terrorista, a situação começa a se agravar diante da iminente explosão caso não sejam encontrados os reféns. O Comandante nesse momento se depara com um dilema moral, filosófico e legal:

Deve torturar o rapaz em busca das informações abandonando assim o respeito à dignidade humana, sobrepondo o comunitarismo em face do liberalismo, ou até mesmo praticando um ato ilegal, que resultará na salvação de muitas outras vidas? O que você faria?

Em que momento um ser humano realizou o ato mais cruel?

Qual é o pior dos sete pecados capitais?

Qual sua opinião a respeito da legalização do uso de drogas?