sexta-feira, 30 de outubro de 2009

O mal-estar na civilização atual

Ao me deparar com matéria do jornal “Estado de Minas”, por volta de duas semanas atrás, intitulada “Juízes marcados para morrer”, que expôs o fato de que os magistrados estão sendo assassinados ou ameaçados de morte por criminosos, em retaliação a condenações, foi inevitável lembrar da obra de Sigmund Freud, “O mal-estar na civilização”, escrita em 1929, e de que como ela, lida no contexto atual, pode explicar o fenômeno de guerra que se vive dentro da sociedade moderna. Esta obra, ao apresentar como idéia principal a discussão da repressão que é imposta pela sociedade, demonstra que o homem, por ser naturalmente agressivo, tende a querer se libertar deste estado de repressão, destruindo o meio em que vive. Assim, enquanto o instinto de vida fundamenta-se na interação inserida na civilização, aproximando os indivíduos, o instinto de morte, ao contrário,ao agir de forma oposta, faz com que os indivíduos não vislumbrem uma felicidade concreta. Pode-se afirmar, portanto, que Freud conclui que o ser humano não pode ser feliz na civilização moderna, apesar de todo o desenvolvimento científico e tecnológico, já que ele afirma que o objetivo da civilização não é a felicidade, mas a renúncia a ela. Esta afirmativa é feita a partir da constatação do fato de que, o indivíduo, ao buscar constantemente a satisfação do prazer, vê a impossibilidade de sua realização, perante a enorme repressão social.
A partir da matéria citada, nota-se, através da obra de Freud, que apesar do desenvolvimento e da melhoria de algumas condições sociais, como da expectativa de vida, saúde, analfabetismo e alguns recursos, em geral, o mal-estar na civilização persiste, acarretando este fenômeno de guerra civil, em que alguns tentam fazer justiça com as próprias mãos e outros consideram como inimigos aqueles legitimados para garantir os direitos individuais e coletivos. Assim, relendo o que Freud escreveu, no contexto atual, torna-se claro que o mal-estar vivido pela sociedade assume novas formas, relacionadas às condições sociais e econômicas experimentadas na modernidade.
O que Freud definia como as doenças psíquicas de sua época, causadas pela repressão que a civilização exerce sobre os impulsos sexuais, hoje são caracterizadas pela insegurança do indivíduo diante do meio social, a exemplo do grande índice de desemprego. Portanto, estas doenças eram causadas, segundo Freud, pelas restrições à sexualidade. Como vivemos atualmente em uma época de liberdade sexual, não se pode afirmar que as causas das doenças são as mesmas, mas também não se pode afirmar que elas desapareceram, a exemplo do aumento de casos de depressão, síndrome do pânico, traumas por roubo, seqüestro, e de acordo com a matéria exposta, de traumas pela punição e repressão.
Conclui-se que, outro fator relevante para o mal vivido pela sociedade atual pode ser caracterizado pela falta de valores da mesma. Reiterando a importância da retomada dos valores da época de Freud, talvez fenômenos como o explicitado na matéria abordada existiriam em uma proporção insignificante, e o mal-estar da civilização atual não fosse uma condição inerente ao homem moderno.

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Um terrorista sequestra 20 pessoas em um shopping e as esconde dentro de uma sala. Nesta sala os reféns encontram-se amarrados à explosivos de grande capacidade destrutiva. Os agentes policiais recebendo o chamado prontamente se dirigem ao shopping. Ao chegar ao local estabelecem contato com o terrorista, que demanda várias exigências a serem cumpridas para a liberação dos reféns vivos, entretanto em nenhum momento conseguem ver quem está ao telefone. O comandante da operação dada a situação de grande perigo decide ordenar a invasão e acaba por prender um rapaz com as mesmas características que foram apresentadas na ligação anônima denunciando o delito, entretanto não encontram os reféns. Posteriormente a captura, começam então os policiais a perguntar ao rapaz aonde estavam os reféns. Nenhuma resposta é encontrada, uma vez que o rapaz recusava a dar as informações, sob a alegação de que não era o terrorista e portanto não sabia a localização do cativeiro. O comandante diante das alegações do jovem tenta estabelecer contato com o telefone, o qual antes o terrorista vinha utilizando, mas a ligação não é atendida. Tendo em vista o prazo estabelecido pelo terrorista, a situação começa a se agravar diante da iminente explosão caso não sejam encontrados os reféns. O Comandante nesse momento se depara com um dilema moral, filosófico e legal:

Deve torturar o rapaz em busca das informações abandonando assim o respeito à dignidade humana, sobrepondo o comunitarismo em face do liberalismo, ou até mesmo praticando um ato ilegal, que resultará na salvação de muitas outras vidas? O que você faria?

Em que momento um ser humano realizou o ato mais cruel?

Qual é o pior dos sete pecados capitais?

Qual sua opinião a respeito da legalização do uso de drogas?